fbpx

Construção com placas cimentícias em steel frame

Com o avanço do sistema construtivo a seco no Brasil, as placas cimentícias se tornaram complementos essenciais nas construções que envolvem Light Steel Frame

Sistema construtivo a seco garantiu agilidade no cumprimento do cronograma das obras da sede da Safras & Cifras, em Pelotas (RS)Produzidas com tecnologia Cimento Reforçado com Fio Sintético (CRFS), as estruturas de steel frame são ideais para projetos que exijam versatilidade, rapidez na montagem e um excelente acabamento, pois funcionam como uma alternativa rápida, limpa e econômica e podem ser aplicadas em áreas internas e externas.

No entanto, por se tratar de um sistema de escala de montagem, é fundamental um planejamento detalhado, para garantir o sucesso da instalação das placas. “Você precisa realmente se organizar, se planejar antes, ter todos os projetos, porque assim vai conseguir produzir tudo corretamente, não vai ter problema de incompatibilidade na obra”, explica Aline Stefanon, diretora técnica da Morar Construtora.

Para uma aplicação perfeita, também é essencial que o profissional siga as recomendações contidas no manual de compras do produto. Atualmente, há fornecedores que oferecem vídeos com um passo a passo de como devem ser instaladas as placas, com todos os detalhes – desde as medidas de fixação com parafusos e o espaçamento entre as placas até as instruções corretas para um bom tratamento de juntas.

Além disso, as próprias empresas que fabricam as placas fornecem os componentes que garantem maior estabilidade, evitando que apareçam microfissuras. Tratam-se de produtos como membranas para a barreira de água na parede, pingadeiras para proteção da borda inferior da placa, cantoneiras para o requadro de portas e janelas, parafusos ponta-broca e também massa, fita de junta e tela de fibra de vidro, para o tratamento de superfície composto.

O profissional deve consultar a norma brasileira ABNT NBR 15253 – Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, publicada em 2014, que determina os requisitos gerais e os métodos de ensaio para os perfis em Light Steel Frame. Outro tipo de documento fundamental e que tem sido bastante utilizado pelas construtoras são os Documentos de Avaliação Técnica (Datec), emitidos pelo Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (Sinat), que detalham todas as camadas do sistema.

Case 1: Aldeia Imperial Colatina

Um desses documentos, o Datec no 30, valida o método construtivo utilizado no empreendimento capixaba Aldeia Imperial Colatina, da Morar Construtora, que serviu de referência para o texto. Conforme explica a diretora técnica da empresa, Aline Stefanon, “o condomínio começou a ser construído em maio de 2014, época em que nem havia norma brasileira de referência para o Light Steel Frame”.

Por isso, a empresa resolveu ensaiar praticamente todas as etapas, processo essencial quando se visa a um financiamento bancário. “A gente fez essa avaliação técnica ao longo da obra para ter a certificação e atestar que ela atende ao desempenho dos ensaios que foram realizados”, explica. Os ensaios foram todos elaborados em laboratórios da Tesis Engenharia e Gestão de Qualidade.

 SISTEMA DE VEDAÇÃO VERTICAL EXTERNO (SVVE)

Na obra do Aldeia Imperial Colatina, o sistema de vedação vertical externo (SVVE) utilizado foi formado por quadros de perfis leves de aço zincado com espaçamento máximo de 600 mm entre montantes. O fechamento da face externa das paredes de fachada foi realizado com chapas de OSB estrutural (chapas tipo LP OSB Home), barreira impermeável à água e permeável ao vapor d’água, e as placas cimentícias de fechamento na face externa. As placas cimentícias escolhidas para o empreendimento são do modelo Ecoplac Cimentícia, da Decorlit, de bordas rebaixadas, com espessura de 10 mm, largura de 1,20 m e 2,40 m de comprimento. Segundo o manual do fabricante, “é uma placa com menor variação dimensional, com flexibilidade e mais suave na aplicação dos parafusos”. Além disso, é a primeira placa impermeabilizada e prensada que utiliza tecnologia CCRFS (sem amianto). Ao todo, cada uma das 26 casas construídas levou cerca de 75 placas cimentícias.

Exemplo de corte de SVVE que divide área externa de área interna seca.

Nesta obra, as placas foram posicionadas sobre a barreira impermeável à água e permeável ao vapor d’água, sendo fixadas às chapas de OSB com parafusos tipo cabeça trombeta, ponta broca (ST 3,5 mm x 35 mm, com resistência à corrosão especificada de 720h em câmara de névoa salina). Esses parafusos foram espaçados a cada 200 mm no sentido vertical e 600 mm no sentido horizontal, aproximadamente, e a 15 mm das bordas.

Conforme ressalta Aline Stefanon, da Morar Construtora, deve haver um afastamento da placa em relação ao solo, de forma que a umidade não chegue até a placa. “Você não pode ter a placa encostando na grama ou encostando na terra. Você vem com o radier e depois deixa essa placa elevada de forma que a umidade pare na cantoneira ou na fita adesiva [aplicada embaixo das guias dos quadros estruturais] “, explica Aline.

FICHA TÉCNICA

 Aldeia Imperial Colatina
Localização Bairro Pedro Vilati (Colatina-ES)
Metragem 126,64 m² e 208,44 m²
Unidades construídas 26
Início da obra maio de 2014
Conclusão da obra maio de 2016
Construção Morar Construtora
Fornecedor das placas cimentícias Decorlit
Quantidade de placas cimentícias 14.000 m² (215 m² por unidade).

Corte do SVVE (sem escala)

 O PROCESSO COM AS PLACAS CIMENTÍCIAS

 Esquema das camadas do revestimento externo do sistema de vedação vertical externo

Em seguida, a empresa fez o tratamento de juntas entre as placas cimentícias das paredes, que possuem dimensão de 4 ± 1 mm. O procedimento foi realizado com a utilização de uma fita telada e argamassa (basecoat). “Você tem de tratar essa fachada todinha antes de aplicar a textura. Então, a gente deixou tudo calafetado, inclusive os parafusos que instalamos nas placas”, afirma Aline Stefanon. Nas extremidades, foram usadas cantoneiras nos ângulos de 90˚, tanto nas quinas como nas bases. No local onde a placa cimentícia fica mais próxima do chão, as cantoneiras também precisaram ser aplicadas, a fim de evitar a subida de umidade para as placas. Sobre a placa cimentícia já tratada foi acrescentado o revestimento de textura acrílica. “A textura tem de ser elastomérica, que é mais elástica. Como o sistema é mais flexível, essa textura permite movimentação sem fazer fissuras. Se você usar um outro tipo de textura, vai ter problemas”, ressalta a diretora técnica.

Como em praticamente todas as construções de Light Steel Frame, a fundação realizada foi a radier, que se assemelha a uma placa ou a uma laje que abrange toda a área da construção. Algumas casas precisaram de estacas, apenas em razão da baixa qualidade do solo em alguns locais. No entanto, se fosse um solo de melhor qualidade, bastaria o radier, uma vez que se trata de uma sistema construtivo leve. As guias inferiores dos quadros estruturais foram fixadas à fundação através de chumbadores Wedge Bolt Ø3/8″ x 4″ (Ø9,5mm x 101,6mm; resistência à corrosão especificada de 240h em câmara de névoa salina).

“A gente também colocava uma fita adesiva embaixo da guia para ela não ter contato direto com nenhuma umidade”, explica Aline Stefanon. A fita utilizada foi a LP Flashing, da LP Brasil.

Case 2: sede da Safras & Cifras

O sistema construtivo a seco da nova sede da assessoria e consultoria agropecuária Safras & Cifras, em Pelotas (RS), garantiu o curto período de apenas dez meses para a conclusão da obra. “Eles queriam um sistema que desse uma velocidade maior e que tornasse possível ter uma condição de mudar para o novo prédio quanto antes”, explica Rui Fernando Lucas, supervisor de obras da Serial Engenharia & Estruturas, empresa responsável pela montagem de todo o sistema steel frame.

 O MATERIAL UTILIZADO

Para facilitar o processo e também garantir a estabilidade do método de aplicação das placas, a empresa optou por utilizar produtos de apenas uma fornecedora: a PlacLux. A placa cimentícia 10 mm, carro-chefe da empresa, foi o produto escolhido para garantir o fechamento da face externa. A placa tem largura de 1,20 m por 2,40 m de comprimento e seu peso é de 11,12 kg/m². Segundo a fabricante, é ideal para beirais, forros externos, shafts, platibandas. 

Placa cimentícia de 10 mm

 A INSTALAÇÃO

Detalhe da finalização na obra com as placas cimentícias parafusadas e acabamento[/caption]

A instalação das placas foi realizada em desencontro com o alinhamento de vãos de portas e janelas. Em alguns casos, quando necessário, foram feitos cortes nas placas com o uso de estiletes para atender à paginação. A instalação de todos os componentes levou cerca de 20 dias. O parafuso utilizado foi um ponta broca PB 032 com tratamento ruspert, respeitando a distância recomendada de pelo menos 1,5 cm da borda da placa e de 40 cm entre um parafuso e outro. “O parafuso entra e afunda na placa, então é preciso regular na parafusadeira para entrar 1 mm ou 2 mm no máximo. Porque, quando fizer o acabamento com as argamassas, ele não está saliente”, explica Rui Fernando Lucas. O supervisor de obras ressalta que, por uma questão de segurança, é importante que todas as ferramentas sejam alimentadas por bateria, a fim de evitar acidentes com fios na obra. “No nosso caso, as placas eram grandes, o prédio era alto, por isso sempre utilizamos equipamentos leves”, afirma Lucas, que também destaca o fato de a empresa utilizar plataformas elevatórias (PTAs) e andaimes suspensos para trabalhar com as placas.

 A FINALIZAÇÃO

Para a execução de requadros de janelas, a placa cimentícia deve ser cortada com a metade da largura da pingadeira da janela e parafusada na estrutura

O tratamento das juntas foi realizado com o auxílio da tela de fibra de vidro, de argamassa (basecoat) e da fita de junta. Primeiro, foi aplicado o basecoat para preencher o espaçamento entre as placas, com o auxílio de uma espátula. Em seguida, foi posicionada a fita de fibra de vidro sobre as juntas de massa úmida, que foi coberta com a massa. Depois da cura completa das juntas (que leva de três a seis horas) e da aplicação de cantoneiras nas extremidades, foi iniciado o tratamento de superfície, que envolve a instalação da tela de fibra de vidro e aplicação da argamassa. “É como um microrreboco de 5 mm a 8 mm de espessura. Essa tela de fibra de vidro e argamassa cobre toda a placa cimentícia”, explica Rui Fernando Lucas, da Serial Engenharia & Estruturas. Para o acabamento externo, foram definidos dois tipos de revestimentos metálicos: uma parte do prédio foi finalizada com ACM preto e na outra parte foi utilizado o miniwave. “O ACM é uma acabamento de alumínio composto, bastante utilizado no Brasil, tanto em obras residenciais quanto nas comerciais. Já o miniwave são lâminas de alumínio e foi todo parafusado sobre a placa cimentícia”, afirma Lucas.

Na hora do acabamento externo foram usados dois tipos de revestimento metálicos: ACM preto e miniwave. Para a instalação das placas cimentícias, marque a linha onde deseja fazer o recorte, com o auxílio de um lápis e de uma régua.

 Passe o estilete pressionando um dos lados de placa, rompendo a malha de estruturação dessa face. Dobre no sentido contrário do corte do estilete.  

Por fim, passe novamente o estilete na malha de estruturação na face oposta à placa

FICHA TÉCNICA

 Sede da Safra & Cifras
Localização Pelotas (RS)
Área do terreno 2.000 m²
Área construída 1.958 m²
Início do projeto 2015
Conclusão da obra 2016
Construção Serial Engenharia & Estruturas
Fornecedores das placas cimentícias PlacLux
Arquitetura RMK! Arquitetura
Engenharia Estrutural – Estrutura de Concreto Metalenge (SC)
Gerenciamento/coordenação RMK! Arquitetura
Fonte: Revista Techne
Matéria: Dirceu Neto